Cada um no seu espelho

Cada um no seu quadrado espelho
Uma pequena reflexão sobre amar alguém...

Ela está em uma busca incessante pelo melhor da vida, quem não está? Mas, ela sabe muito bem que a melhor coisa da vida é a simplicidade que está em tudo.O mundo anda tão pesado...Todos cobram tanto uns dos outros e de si mesmo,as coisas erradas estão sendo supervalorizadas enquanto tanta coisa boa é deixada de lado.E ela ainda tem esperança de encontrar alguém que entenda que amar é leve,afinal existem algumas pessoas tão pesadas que um simples aperto de mão te puxa para baixo,como se relacionar com alguém assim? Não dá.

Ela nunca entendeu muito bem porque as pessoas continuam procurando outras pessoas que sejam seus espelhos, aparentemente essa pessoa é totalmente igual a você, mas na prática você percebe que ela reflete tudo ao contrário. Ela acredita que cada um deve continuar com a mesma visão no seu espelho, não é porque duas vidas se somaram que irão virar uma só,obviamente amor não é uma ciência exata, mas 2+2=1 é muito errado.Amar é quando conseguimos trazer alguém pra nossa vida sem precisarmos sair dela.

Ela sempre desconfiou de todos que declaravam que não conseguiriam viver sem a outra pessoa, sempre pareceu que estavam com elas por pura necessidade... Amar não é assim,amar e depender não são verbos que devem ser conjugados juntos.Para ela,um “Eu não preciso estar com você para viver,mas eu prefiro fazer desse jeito” era melhor do que qualquer  “Eu não vivo sem você”,ela queria gritar em todos os jantares refinadas que ela não queria ser escolhida por falta de opção.

Mas, não se engane! Nada disso a transforma em uma mulher fria ou sem romantismo. Pelo contrário, ela gosta de fazer jantares á luz de velas e assistir alguma série nova no netflix,no entanto ela não tem medo nenhum de ir ao cinema sozinha ou pedir uma comida para duas pessoas,mas não pedir um segundo prato- além de tudo,ela é gulosa-,se for necessário.Mas ela não vai aceitar um amor sufocante só por medo de ficar sozinha,afinal ela acredita que ainda deve existir alguém solto pelo mundo que queira,não ser o seu espelho,mas,quem sabe,trazer o seu próprio espelho e colocar ao lado do dela.
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Sobre picolé, alma e ondas.

Sobre picolé, alma e ondas.
Fernanda sempre quis sair do lugar. Mas, Fernanda sempre teve medo de sair da estabilidade e arriscar sua vida em um caminho totalmente incerto.


Fernanda estava sentada no seu lugar preferido da praia...Aquela praia que ela costumava ir quando era criança,mas,desde que lhe disseram que ela era “crescida”, a única praia que ela via era aquela do descanso de tela do seu notebook.Parou,então,para pensar: Será que a criança que sentou nesse mesmo lugar há anos atrás está contente com o que ela se tornou? Então,ela chorou. Chorou porque teve a sensação de que estava tudo errado, apesar de que todos que analisassem sua vida iriam dizer que tudo estava certo: ela tinha um trabalho estável e o marido que todos sempre a disseram que era o ideal. No entanto, ela percebia agora o que ela sempre soube, mas achava bobo demais para uma mulher tão “crescida” como ela.

Um dia, a pequena Fernanda estava caminhando pela praia e conversava com o vendedor de picolé - eram velhos amigos, ela nem gostava muito de doces, mas a doçura daquele senhor a fazia pedir milhares de vezes um dinheiro para a mãe-, ao mesmo tempo em que abria o picolé, ela dizia para eles de todos os seus sonhos, tão grandes que mal cabiam nela: tinham que ser soltos para o mundo.

“-O senhor acha que é possível? - Fernanda perguntou, apertando os olhos contra o sol para encontrar o olhar do seu amigo.

-Claro, minha menina! A vida é feita para ser leve, todos que não ousam acreditar nos seus sonhos ficam com uma alma tão pesada que mal conseguem andar por ai de cabeça erguida.”-ele disse,com tanta sabedoria que ela lembra de ter desejado que toda a praia parasse por um momento e ouvissem que ele tinha muito mais a dizer além de “Picolé!! Olha o Picolé!.

-Alma? O que é alma?-foi tudo que ela pensou em dizer.

-Alma é tudo aquilo que nos guia nessa vida. Mas, só consegue descobrir o mundo aquelas pessoa que escutam a sua alma e a mantém sempre viva.

-O que faz a alma morrer?-indagou a menina, afastando o sorvete da boca por um momento.

-A vida. -ele disse, enquanto arrumava a alça da sua bolsa de picolés no ombro e seguia pela praia.

-Espera ai! Você precisa me explicar melhor isso,a vida não é totalmente o oposto da morte?-disse Fernanda, com as mãos na cintura,sem perceber que sujava toda a sua barriga de picolé,ela tinha coisas mais importantes para resolver agora.

-Bem,isso depende...- disse o vendedor,ajoelhando na altura dos olhos da menina-A vida é tudo que você fizer dela,use os seus sonhos para iluminar a sua alma e criar a sua vida,quando você pensar que está tudo errado e que não tem nada,você ainda terá os seus sonhos.Acredite que para eles existirem fora de você,é preciso que você acredite que isso seja possível,faça isso e o mundo será seu,menina!-dito isso, ele pegou um pano que estava em seus ombros e limpou carinhosamente a barriga da menina, ela apenas assentiu para ele.”

Hoje, sentada na beira da praia, Fernanda pensava no que aconteceu com aquele senhor.Mas,acima de tudo,ela pensou no que aconteceu com ela...Em que momento ela deixou de iluminar a sua alma com seus sonhos? Ela sabia a resposta: o momento em  que “uma barriga suja de sorvete” tornou-se mais importante do que tudo que ela tinha dentro dela.Pouco a pouco,as dificuldades da vida a forçaram a tomar as decisões corretas para a sociedade,para os outros pouco importava uma alma doente se a sua “barriga” estivesse limpa e apresentável.Pouco a pouco,ela foi percebendo que a vida foi cada vez mais se parecendo com uma praia vazia e cheia de ondas que pareciam acertá-la a qualquer momento se ela ousasse parar de se preocupar com o que os outros pensariam e decidisse viver seus sonhos,alimentar a sua alma.Fernanda,então,se levantou bruscamente e foi em direção ao mar.

Parada, sentimento a água bater em seu corpo e algumas vezes fazer com que ela perdesse o equilíbrio,ela constatou que já sabia nadar.E que ela passou a sua vida toda na “beiradinha”,com medo de ser atingida por uma onda,mas que agora ela percebia que talvez fosse isso que o vendedor quisesse transmitir para ela: não faz mal ser derrubada por uma onda,se você continuar nadando na direção dos seus sonhos,eles são tudo o que você precisa para não afogar,acredite neles e eles se tornarão a sua boiá
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Ela quase podia ouvir o som do senhor falando essas palavras para ela,não sabia de onde vinha..Talvez,como ele gostava tanto de dizer,viesse da alma.Ah! A alma! Ela fechou os olhos e se perguntou se ela ainda estava lá, com um pouco de esforço Fernanda percebeu a menina suja de picolé sempre esteve dentro dela,ansiosa pela momento que ela poderia ter aquilo que o vendedor a prometeu: o mundo.Por um momento,Fernanda arregalou os olhos e pensou que “o mundo” era muita coisa,mas a criança era incansável e cutucou a alma de Fernanda mostrando,mais uma vez,que nós somos muita coisa.Nossos sonhos são muita coisa e o mundo é o cenário perfeito para eles existirem.

Agora,Fernanda estava boiando pelo mar.Por um momento,ela olhou ao redor e percebeu que a praia se parecia com o lugar que ela esteve quando pequena...Agora,as ondas estavam calmas e levavam o seu corpo para um lugar que ela não sabia qual era,mas,por algum motivo,já se sentia em casa antes mesmo de chegar lá.Ela tentou imaginar porque,de repente,tudo se acalmou...

“Essas coisas,as leis da física não explicam,menina! O mundo é do jeito que você olha para ele,agora você deixou o olhar daquela menina sobressair e ela vê tudo colorido  e sereno,transformando tudo o que vê.” Ah! Como era bom ouvir a voz daquele senhor.Fernanda pensou se ele sempre esteve dentro dela,provavelmente sim,ela mentalmente pediu perdão por ter calado tantas vezes a sua voz interna.Molhada retornando para a areia,Fernanda se sentiu como aquela menina suja de sorvete de novo e notou que nunca se sentiu tão limpa na vida.Talvez fosse conseqüência daquele negócio que o senhor gostava tanto de falar....A alma limpa.
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